Cada país funciona como múltiplos laboratórios - por Lacordaire Faiad

Qual a origem do bem e do mal na Terra e por que este predomina?
No opúsculo, o que é o Espiritismo? No Capítulo III - Solução de alguns problemas pela Doutrina Espírita. O homem durante a vida terrena, o codificador Allan Kardec na questão 131 interroga: Qual a origem do bem e do mal na Terra e por que este predomina? E nos oferece essa magistral resposta: ”A imperfeição dos Espíritos que aqui se encarnam é a origem do mal na Terra. Quanto à predominância deste, provém da inferioridade do planeta, cujos habitantes são, na maioria, espíritos inferiores ou que pouco têm progredido. Em mundos mais adiantados, onde só encarnam espíritos depurados, o mal não existe ou está em minoria.”

Com essa assertiva, podemos dizer que os mundos são laboratórios celestes de aprimoramento das almas que neles habitam. A Terra, portanto, traz no seu bojo em maioria reencarnados, espíritos cuja evolução moral têm a correspondência com seu planejamento espiritual enquanto mundo de provas e expiações.
Cada país que compõe a Terra, geograficamente, funciona como se fosse múltiplos laboratórios de aprimoramento espiritual. Os que neles reencarnam são programados e atraídos pelos seus perfis morais com a finalidade de se desenvolverem moralmente, superando as tendências do mal ignorância que trazemos em três níveis: ignorância do não saber, ignorância do não sentir e ignorância do não vivenciar.
Conforme a questão 115 de “O Livro dos Espíritos”, todos nós estamos fadados a evolução. “Passando pelas provas que Deus lhes impõe, os Espíritos adquirem aquele conhecimento. Uns aceitam submissos essas provas e chegam mais depressa ao seu destino final. Outros, só a suportam murmurando e assim, por sua culpa, permanecem afastados da perfeição e da prometida felicidade.” Portanto, o bem e o mal e seus efeitos na sociedade funcionam como resposta das ações que praticamos no individual, com correspondência no coletivo. Todos trazemos um programa individual para desenvolver nosso propósito essencial que é intransferível e está ligado ao nosso maior desafio moral, e à virtude correspondente para transmutar as máculas do passado e aperfeiçoar as nossas conquistas já em processo de desenvolvimento. Esse aperfeiçoamento se dará pelo nosso esforço em desenvolver as virtudes que trazemos em essência dentro de nós, em sintonia com as sábias Leis Divinas que se encontram inscritas na nossa consciência, conforme questão 621 de “O Livro dos Espíritos”. 
O nosso programa reencarnatório está ligado às questões circunstanciais da vida nos diversos papéis que desempenhamos no seio da sociedade, papel de pai, de mãe, esposo, esposa, profissional, etc. O propósito é o Ser que queremos nos tornar nas diversas funções que desempenhamos na horizontal da vida, buscando ascender na vertical como Espírito imortal que somos, em sintonia com a nossa identidade essencial como filho de Deus e aprendiz da vida.
Em o livro “O Céu e o Inferno ou a Justiça Divina”, segundo o Espiritismo, na primeira parte, Capítulo III - O Céu, o eminente codificador Allan Kardec afirma que:” ... A vida social é a pedra de toque das boas ou más qualidades.” É no processo do inter-relacionamento familiar e social que o espírito imortal estará sedimentando seus valores éticos e morais rumo a angelitude. Somos, a semelhança de uma semente que traz dentro de si em estado latente os elementos da árvore que a tipifica. Ou do diamante, que traz todas as propriedades que o caracteriza como uma joia preciosa necessitando, no entanto, de passar pela pedra de toque que irá lapidá-lo, surgindo o brilho que já existia internamente. 
Este trabalho de auto aperfeiçoamento depende diretamente da nossa força de vontade ativa.   Em “O Livro dos Espíritos”, Parte 3ª - Das leis morais, Capítulo VII - Lei de sociedade -  Laços de Família, Q774 - Kardec nos elucida que: “... Os laços sociais são necessários ao progresso e os de família, mais apertados, tornam os primeiros. Eis por que os segundos constituem uma lei da Natureza. Quis Deus que, por essa forma, os homens aprendessem a amar-se como irmãos.” Nós espíritas trazemos a responsabilidade pelas informações que a doutrina nos oferta, de operarmos em nós a formação, fruto do nosso esforço individual para que por meio da autotransformação, colaboremos para uma sociedade que paute sua conduta conforme as leis de justiça, amor e caridade. 
Em “A Gênese”, capítulo 18, itens 1, 2 e 3 Kardec nos oferta essa preciosa informação: ” São chegados os tempos, dizem-nos de todas as partes, marcados por Deus, em que grandes acontecimentos se vão dar para regeneração da Humanidade. [...] diremos que o nosso globo, como tudo o que existe, está submetido à lei do progresso. Ele progride, fisicamente, pela transformação dos elementos que o compõem e, moralmente, pela depuração dos Espíritos encarnados e desencarnados que o povoam. Ambos, se realizam paralelamente, porquanto o melhoramento da habitação guarda relação com o do habitante. [...]”
Finalizo parabenizando a querida Federação Espírita do Distrito Federal pelo Congresso e oportuno tema:” O Bem e o Mal e seus Efeitos na Sociedade" que vem ao encontro de nossas necessidades, onde a sociedade traz profundos pedidos de francas mudanças em seus múltiplos aspectos.

Lacordaire Faiad – Presidente da Federação Espírita de Mato Grosso.