ESCOLHO VIVER | Prevenção ao consumo do álcool

Alcoolismo é tema do projeto Escolho Viver de 2018


 Durante os dias 9 e 10 de junho, um tema ainda considerado tabu, o alcoolismo, foi abordado em um seminário realizado pela Federação Espírita do Distrito Federal (FEDF) localizada na 408 Sul, como parte do programa “Escolho Viver”.

Participaram profissionais da Associação Médico-Espírita (AME), Diretores da FEDF, além de Ruth Daia convidada da Comunhão Espírita de Brasília.

Pela AME, compareceram Fabíola Zanetti, presidente, além da médica Antônia Marilene da Silva e do psicólogo André Nonato.

Paulo Maia, presidente da FEDF, conduziu a abertura do evento com a leitura do evangelho e a prece inicial.

A primeira palestrante, a cardiologista da AME Antônia, começou dizendo “que ajudar as pessoas portadoras do alcoolismo é difícil, pois o tratamento ainda enfrenta alguns paradigmas da ciência.

De acordo com ela, temas como suicídio e alcoolismo são tratados ainda como tabus, pois é necessário antes de qualquer tratamento consolidar sentimentos.

A médica afirmou que o alcoolismo é uma doença e mostrou dados da Organização Mundial de Saúde: a Guatemala é o país onde menos se consome bebidas alcoólicas. Já o Uruguai é o que mais consome. No Brasil, 8,7% da população são alcoolistas e 1,7% das mulheres consumidoras contraem câncer de mama.

Para os espíritas, Antônia exemplificou que a religiosidade funciona como a condução que cada um dá à própria visão, recorrendo à religião para a reforma íntima. "Qual sentimento experimento, ou seja, como lido com o transcendental? Dessa forma, é preciso haver acolhimento e empatia para trabalhar o nosso chacra cardíaco. É preciso reconhecer o nosso fluido cósmico universal como o pensamento de Deus", destacou.

Uma das orientações dadas pela médica é trabalhar o cérebro, ensinar como usar o sistema de recompensa, a Dopamina. “Cada dia escolhemos como queremos viver.”

Segundo Antônia, as pessoas buscam amortizar a consciência com qualquer tipo de dependência. “É como se abrisse a minha porta para qualquer outra coisa tomar conta de mim." Nesta hora, vale uma reflexão íntima: “Qual é o risco, no meu nível de consciência, que eu quero assumir para o meu processo evolutivo?". Segundo ela, a explicação é simples. As amortizações acontecem porque o álcool causa felicidade passageira, é um bem-estar temporário, porque é inerente ao físico e não à alma, pois nesta a felicidade é permanente.

Losângelis Gregório, diretora da área de Assistência e Promoção Social da FEDF, explicou que o atendimento funciona como um espaço de convivência. O objetivo é acolher, escutar, esclarecer e encaminhar um acompanhamento, médico, psiquiátrico e/ou psicológico. A assistência promove, ainda, encontros, rodas de conversas, arte, cultura, artesanato de oficinas e geração de renda.

O alcoolismo, também registrado nas escolas, requer a participação dos pais. Em alguns casos de coma alcoólico na escola, é necessário recorrer ao Conselho Tutelar. Os jovens muitas vezes já vêm de situações vulneráveis de famílias já desestruturadas. O registro é de Rívea Maia, Psicopedagoga e voluntária da área de Atendimento Espiritual da FEDF.

No domingo pela manhã, Antônio Almeida, violonista, harmonizou o ambiente cantando músicas de sua autoria. Ele veio do Centro Espírita Allan Kardec, de Valparaíso (GO).

Neuza Zapponi, diretora do Atendimento Espiritual na FEDF, iniciou a segunda parte das palestras. Ela fez um alerta: “Quem desencarna pelo alcoolismo volta à vida terrestre ainda com sequelas”. E o exemplo veio do próprio pai, um homem espírita que fundou o maior centro espírita de Londrina (PR). A falta de coerência existe mesmo entre aqueles mais esclarecidos sobre as consequências nefastas no mundo espiritual, quando aqui fizeram uso do álcool.

Rute Daia, da Comunhão Espírita de Brasília, trabalha há quase 30 anos com dependentes químicos nos grupos de atendimento fraterno, específicos da Casa. Os “adictos, como são chamados nos grupos, precisam aprender a acolher a si próprios. Ela convidou todos para participarem de uma atividade que vai abordar o tema Esperançano próximo dia 30 de setembro, na Comunhão. Esse evento é voltado para dependentes e familiares.

Rívea Maia voltou a falar, no segundo dia, sobre a problemática em torno de pais e filhos em situações que envolvem adição de álcool ou drogas. Ela trouxe dados interessantes: “A cerveja para alguns jovens não é considerada bebida alcoólica. É aceitável”. Mas, eles confessam que 89% dos pais não aceitam. Alguns alunos, principalmente na faixa etária de 15 anos, levam bebidas alcoólicas disfarçadas em garrafas d`água para a escola, contou Rívea.

Depois de muitos debates, perguntas e respostas e rodas de conversas, o seminário chegou ao fim com várias sugestões para o próximo encontro sobre o mesmo tema. Dentre elas, a participação de pessoas do grupo Alcoólicos Anônimos.