Evangelho e Ecologia: a união necessária para a transição planetária

Evangelho e Ecologia: a união necessária para a transição planetária 

“Mas por que o planeta está sendo destruído? Porque estamos afastados da lei divina. Somos egoístas e predadores” (Haroldo Dutra) 

Uma visão evangélica da Ecologia. Essa a proposta do painel de abertura do 9º Congresso Espírita do DF, conduzido pelos oradores Saulo César e Haroldo Dutra Dias, que abordaram o tema Meu papel na transformação planetária.

Saulo César deu início à exposição valendo-se do benfeitor Emmanuel, que utiliza a natureza para explicar o Evangelho e retratar as leis de Deus. Segundo o espírito, existem três níveis de responsabilidade e débitos: para com a vida, a natureza e os semelhantes. O expositor salienta, no entanto, como o ser humano, em momento de transição planetária, tem se comportado mal no que tange a esses valores evangélicos, à Ecologia e à natureza. “Muitas vezes não cuidamos nem mesmo do ecossistema da nossa saúde”, enfatizou. 

Segundo ele, a natureza tem uma forma implacável de agir: tudo que não está ajustado ao bem tem data para acabar. “Há uma lei escrita para a nossa felicidade e ela inclui o nosso comportamento diante da natureza”, disse. Ele exortou todos a desenvolverem o senso de cuidado, respeito e carinho para com a natureza como condição fundamental para construirmos um planeta de regeneração: “Sem isso, a transição planetária vai ocorrer de qualquer forma, mas é preciso repensar com urgência e seriedade os nossos comportamentos e posturas diante da natureza”. 

Saulo César finalizou a explanação com uma frase do benfeitor Emmanuel: “A ocasião de viver em harmonia com o Senhor, com o semelhante e com a natureza é uma glória comum a todos”. Porém, sublinhou o palestrante, somente com a nossa vontade poderemos vivenciá-la. 

Ecologia, para o Espiritismo, é muito mais que preservar espécies

Haroldo Dutra complementou as reflexões sobre o tema questionando a falta de envolvimento e ponderação do movimento espírita no debate sobre a Ecologia. Segundo ele, enquanto espíritas não se envolvem efetivamente com a questão ecológica, ativistas promovem debates perturbados e cheios de ódio. “Nossa proposta é de equilíbrio”, disse.

Para o orador, entrar em comunhão com a lei divina (o Evangelho) que rege a natureza e o Universo deve ser a nossa prioridade, pois a natureza retrata o pensamento divino. “A natureza é exuberância, beleza e abundância. Mas por que o planeta está sendo destruído? Porque estamos afastados da lei divina. Somos egoístas e predadores”, ressaltou. 

O ponto importante para Haroldo Dutra está na divisão que o homem estabeleceu entre religiosidade e natureza, e deu o exemplo da guerra entre Israel e Irã, na qual duas nações religiosas estão se destruindo. “Ecologia, para o Espiritismo, é muito mais do que preservar as espécies do planeta Terra. É respeitar a natureza, que é a criação divina”. E condenou a relação predatória que o homem tem tido com o meio ambiente. 

Ao concluir a exposição, Haroldo Dutra ressaltou que na natureza vigora um padrão diferente do existente entre os seres humanos: o da máxima diversidade e máxima colaboração.  É desta forma que funciona um bioma em perfeita harmonia. Já no ecossistema humano vigora ainda a grande dificuldade em aceitar a diversidade. “O padrão moral do Cristo reflete o padrão da natureza: ele sempre acolheu todos com a máxima equidade e respeito, dando a cada um a oportunidade da regeneração; nunca condenou a vida de ninguém, nem dos maus”. Fica, portanto, o questionamento: como podemos utilizar o Evangelho em benefício da Ecologia e qual o nosso papel na transformação planetária? 


Ana Cristina Sampaio Alves

Jornalista Espírita